Resultado da experiência: Minha primeira ida à Sinagoga, embora um tanto trágica, me mostrou o motivo de eu estar lá. Sangue não é água. Hoje conheço um pouco mais e respeito muito. Saí voando mesmo sentada, as raízes continuam fazendo parte de mim. Shabbat Shalon!
Para comemorar a festa do Purin, resolvi contar uma passagem engraçada pela Sinagoga. (O nome "Purim" vem da palavra hebraica "pur", que significa "sorteio". Este era o método usado por Haman, o primeiro-ministro do Rei Achashverosh da Pérsia, para escolher a data na qual ele pretendia massacrar os judeus do país).
Meu avô era judeu e casou-se com minha avó católica. Nesse caso os movimentos ortodoxos e conservadores não reconhecem os descendentes como legalmente judeus e as crianças precisam fazer a conversão.
Sempre fui uma pessoa apaixonada pelo judaísmo, a cultura, os símbolos, o povo, embora eu ainda precisasse fazer a conversão, sempre me considerei judia.
Depois de ler muito a respeito, conhecer um pouco mais da cultura, achei que eu estava pronta para frequentar a Sinagoga (beit knésset- lugar de culto). Imprimi principais trechos da Torá e fui com uma amiga.
Eu conhecia o novo Rabino somente por telefone. Chegamos super cedo, eu não queria perdeu um minuto sequer. Eu li que as mulheres sentavam separadas dos homens. Assim que chegamos à Sinagoga, avistamos uma escada linda e antiga que nos levava ao andar superior. Só poderia ser lá o nosso local.
Subimos e nos sentamos. Mais de meia hora se passou e conseguimos ver que alguns homens iam chegando e sentando no andar debaixo. Achei estranho que lá em cima estávamos só nós duas.
O Rabino começou a oração e quando vimos os homens em pé, levantamos. Tudo que ela faziam lá em baixo, nós imitávamos lá de cima. Eu queria acompanhar toda oração, me perdi em meus papéis e não conseguir achar uma palavrinha sequer, até derrubar meu maço de papéis no andar de baixo. Foi obrigada a desistir de procurar as palavras e me contentar em ouvir.
Eu não sei o que aconteceu, entrei em transe, meus pelos do braço ficaram arrepiados e até me deixaram esquecer do fiasco com os papéis. Eu flutuava, não sei explicar ao certo, mas foi emocionante, tive a certeza de que ali era o meu lugar.
Os homens levantavam e nós duas também, os homens sentavam e nós duas também. Percebi que o Rabino nos olhava já com vergonha por nós. (depois que eu fiquei sabendo que as mulheres e homens têm horas diferentes de orar, levantar ou demais atividades)
Acabaram-se as orações e era hora de descer. Quando descemos, a Sinagoga estava lotada, muitas mulheres e todas olhando para aquelas duas na escada. Não sei o que passou pela nossa cabeça e nem na cabeça dos demais que olhavam. Sei que corei.
No saguão, estava montada uma linda mesa com vários pratos da culinária judaica, quando vi os pletzales (meus preferidos ) fiquei encantada.
Todos cumprimentávam-nos com Shabbat Shalom e retribuíamos. Essa parte eu sabia.
Um senhor muito simpático, tentando descobrir de onde éramos, nos perguntou alguma coisa em hebraico. Qual foi a nossa primeira reação? Claro, responder em gestos que não entendíamos nada. Ele perguntou em português e as duas "antas" repetiram o mesmo gesto! Sei lá de que planeta ele achou que éramos.
Apertamos o botão que abria a porta de saída, ao invés de empurrarmos a porta, ficamos puxando, o saguão parou novamente para olhar as duas desengonçadas tentado sair do prédio. O segurança abriu a porta e saímos.
Não fiquei satisfeita com minha experiência e não desisti, conversei com minha prima que carinhosamente me levou algumas outras vezes, me ensinando tudo sobre a cultura e seus hábitos. Aprendi em qual lugar sentar, aprendi a acompanhar a Torá e algumas palavras em hebraico.
Uma das festas que mais gostei foi a do Purim, é uma espécie de carnaval muito mais significativa do que uma festa carnal. Além do Purim, frequentei outras festas e conheci um pouco mais sobre minhas raízes.
Resultado da experiência: Minha primeira ida à Sinagoga, embora um tanto trágica, me mostrou o motivo de eu estar lá. Sangue não é água. Hoje conheço um pouco mais e respeito muito. Saí voando mesmo sentada, as raízes continuam fazendo parte de mim. Shabbat Shalon!
Nossa...que história hein.Quem será a maluca que foi com vc....coitada...
ResponderExcluirDifícil esta né?....quem será?
ExcluirMuito lindo seu relato. Emocionei-me. Lindo!!!
ResponderExcluirOi Sueli, obrigada. São textos verdadeiros e escritos de coração, que bom que gostou. Beijo grande.
ExcluirExistem coisas que não sabemos como acontece mas acontece. Temos nossas raízes e elas nos atraem como imãs, muitas vezes acontecem coisas que só entenderemos o motivo depois que o fato se concretize.
ResponderExcluirExatamente, nada acontece por acaso. Ainda bem!
Excluirquerida prima:só agora li este artigo maravilhoso e tocante que escreveu.Precisamos ir sp na Sinagoga, no shabat e nas festas judaicas que são lindas e tb levar as k-lindas e o Manolo
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