sábado, 26 de janeiro de 2013
Freezer mágico
Com aproximadamente sete anos de idade, fui passar férias, na casa dos meus tios, em Dois Vizinhos. (Sudoeste do Paraná)
As férias eram deliciosas, muitos primos, casa, piscina e bichos, muitos bichos, muito mesmo!
Meu tio era advogado e mágico, ou mágico e advogado? Bom, a ordem não importa. Lembro-me que os almoços eram muito divertidos, principalmente pelo fato de que eu tinha que me equilibrar nas latas de biscoito, enquanto almoçava. (caso contrário não alcançava a mesa) Tecnologia da minha tia, e funcionava.
A família sempre foi amante de animais, desde meu primeiro triciclo de joaninha até os animais recolhidos na rua e tratados com muito amor.
Naquela época o IBAMA não impunha restrições, além do mais, os bichinhos sempre foram tratados com muito amor. Na casa do meu tio tinha: Cachorros (a Beth, a Bolinha, a Pop e Banzé 3 pernas). Macacos (Chiquinha, Magnólia e Chicão). Pombas (para as mágicas). Cobra (não lembro o nome). Bezerro. Quati. Gatos. Borboletas. Aranhas. e mais uma infinidade.
Meu tio era muito engraçado, sempre nos assustava com fantasias e máscaras. Imagine o que era isso para uma criança de 7 anos. Eu tinha o Sítio do Pica Pau Amarelo em casa todos os dias, e o melhor, tudo era real! Certa ocasião, apareceu o Frankstein, parafusos no pescoço, roupas rasgadas e falou que se não comêssemos tudo, ele voltaria a noite. Que dúvida, não sobrava nada no prato! (Acho que até hoje, acredito em Frankstein)
Os dias de verão eram ardentes, terra vermelha, sol escaldante. Passávamos o dia com os animais, tomávamos banho de piscina, de mangueira, de sorvete, enfim, éramos crianças e felizes. Víamos o nascimento de filhotinhos diversos. Brincávamos até de parteira!
Minha tia nos avisou que teríamos que ir a um casamento na igreja. Para nós, festa era uma festa!
As primas arrumadíssimas de vestidos bordados e fomos á igreja. O fusca estava inteiro, a não ser pelo buraco que tinha no chão. Que mal isso poderia fazer? Chegamos ao casamento e quando descemos do carro, as barras dos vestidos e calças estavam VERMELHOS de terra! Só não passamos vergonha, pois, lembro que o vestido da noiva estava na mesma situação.
Dias após, meu tio nos levou para voar em seu avião. Nossa, muita criança, muita adrenalina! Ele tirou do bolso uma novidade e nos serviu, HALLS PRETO! Imagine crianças com idade entre 4 e 12 anos, com essa "balinha light" na boca e sem poder jogar fora, pois já estávamos voando. Eis, que, senão, quando, minha prima desmaiou. Seria a bala? Não! Meu tio esqueceu de guardar o martelo. Pense no choque de um martelo, voando diretamente na cabeça de uma menina durante um delicioso "looping". Mais adrenalina era impossível imaginar. Ali acabou nosso passeio aéreo.
Tínhamos uma brincadeira, eu nunca entendia, massempre participava. O nome era: A vida da fadinha! Entravamos no guarda roupas, no lugar das malas, fechávamos a porta e ficávamos no escuro. Era uma prima por porta. Uma falava: Nossa estou vendo a fadinha de vestido azul. A outra comentava: Eu também e ela veio tomar chá! E por ai a historia se desenrolava. Eu tentava, tentava, tentava e NUNCA conseguia ver a tal fadinha. Como era possível? Todas viam, menos eu? Alguns anos depois, conheci a tal fadinha e a senha para o jogo: I-M-A-G-I-N-A-Ç-Ã-O!
O que mais tomávamos? Sorvete! O freezer horizontal era setorizado. Carnes de um lado e sorvetes do outro, além de ser constantemente abastecido.
A noite chegava e sempre uma dúvida pairava no ar, será que naquela noite apareceria algum monstro? Não existia essa história de Bicho Papão, os monstros eram reais! Estávamos na sala e o monstro apareceu. Foi aquela gritaria dos primos, corrida para todos os lados e eu, não tive dúvidas, entrei no freezer. Lembro que pensei em tomar sorvetes enquanto o monstro estava lá fora, só não deu certo por um detalhe, entrei no lado das carnes! Algum tempo depois, a sala silenciou e aos poucos as vozes familiares foram ecoando.
Acho que assustei mais que o monstro, quando abri aquela tampa e sai do freezer! Meu tio perguntou: O que está fazendo ai? Respondi com a ingenuidade de uma criança: -Só vim tomar sorvete! Do lado das carnes,indagou? - Sim tio, adoro carne moída congelada, quer ver? Peguei um pedaço de carne e coloquei na boca. Congelada, crua e sem gosto. Mas naquele momento eu deveria mostrar que estava amando aquela excentricidade. Não sei se convenci, mas até hoje prefiro comidas geladas a quentes!
Eu sempre tive opinião própria, dizem que eu era doce e minha mente voraz. Dois Vizinhos mora em meu coração, onde passei momentos mágicos e histórias fascinantes. Aprendi a amar os animais. Aprendi a não ter medo de cair da cadeira. Aprendi que os monstros só existem se deixarmos. Aprendi que carne crua congelada, é horrível!
Freezer e mágica! Vivendo, aprendendo e amando!
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Kkkkkkkkkkkkkkk, você me mata de rir, "brima". Aquela do martelo eu lembro bem, mas lembro que quem ficou tonto e quase desmaiou foi o piloto. Quase ficamos sem piloto, em pleno voo domingueiro... mera rotina sendo filha do Dr. Zippin. E depois querem que a gente seja normal! KKKKKKKKkkkkkkkk.
ResponderExcluirNossa, então era pior do que eu lembrava.....kkk
ResponderExcluirA Dani me contou um detalhe que eu não lembrava. O tio deu Dramin para a criançada não enjoar. Mas o remédio só fez efeito depois. Na volta só dava criança dormindo pelo caminho....kkk
Ah! A cobra era Dona Elvira, não era?
Ser feliz é tão simples, na verdade é a gente que complica.
ResponderExcluirRuy, ser feliz é como tocar gaita na Praça do Homem Nu, lembra?
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