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quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia Nacional da Poesia

Hoje no Dia Nacional da Poesia, uma homenagem à minha poetisa preferida, Anita Zippin!

I N S P I R A Ç Ã O



Anita Zippin



Veio sorrateira

Fazer-me companhia.

Parece que tudo o que ela falava,

Eu entendia.



Saiu devagar,

Sem fazer barulho.

Deixando-me

Cheia de orgulho.



Bateu a porta

Da despedida

Se não voltar,

Foi na medida.



Caí dos braços

Da solidão.

Nem percebi

Que era eu e a multidão.



Deixou prá mim

Um legado

Quem se inspira

Não fica muito tempo isolado.



Voltei a sonhar

Por ela.

Vivi, vi, revivi

E acordei pensando nela.



Ao meu redor,

Meio mundo.

Desta vez,

Ela foi fundo.



Carregou consigo

O enigmático sorriso.

Deixou comigo

Aroma do Paraíso.



Ficamos de nos ver

Quando bater forte o coração.

Não demore a regressar,

Doce Inspiração!



Sei que suas vindas e idas

Me enchem de emoção.

Quando será sua próxima aparição?

Estou repleta de sensação.



Volta, volta, Inspiração!


Visite os outros,

Mas não me deixe na mão.



Corre, cuide,

Desfile, pare.

Escolha o momento,

Não me desampare.


Volta ,

Nem que em pensamento,

Preciso lhe ouvir

Mais um momento.



Garanta que estará comigo

Na minha partida.

Venha me dar a mão na despedida.



Quero, mais uma vez,

Ter a sua companhia.

Como se sua alma

Se fundisse à minha.



Venha, Inspiração, venha!

Vamos para mais uma caminhada.

Não precisa falar só a verdade.

Sei que é dura a realidade.



Venha sonhar comigo

Num mundo perfeito.

Até que nós duas notemos

Um milhão de defeitos.



Deixa eu escrever

Sem dó nem piedade.

Até que vivamos o minuto

Em muitas cidades.



Quero desfilar consigo

Aos aplausos da sociedade.

Depois, faça um favor:

Me apresente à Eternidade !

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Poesia inédita de Paulo Leminski


Meu avó morava em uma "chácara" na continuação da Avenida Batel. Lembro que a casa, para mim, era um castelo. Aos olhos de uma criança tudo parecia ser enorme. Lembro bem da longa estrada que nos levava a casa, dos seus milhares de pinheiros, da sacada de pedra, da escada frontal, da sala de jantar com um corrimão que chamava qualquer criança a escorregar. Lembro de minha avó bordando em uma janela de vidro que tinha vista para o portão. Milhares de plantas, flores e bichos ao redor. E consigo sentir o aroma dos lençóis sendo "corados" ao sol.

O terreno era muito grande, além da casa, existia um galpão, uma garagem com alguns carros antigos, uma biblioteca feita de vidro bem no meio da mata e um rio. Lembro-me de que seu comesse tudo o que me serviam na hora do almoço, eu poderia ir catar pinhão e andar no rio. Eu sempre comia tudo!

Minha mãe me contou que era nessa biblioteca que meu tio Sérgio e o Paulo Leminski passavam as noites estudando. Estudavam as 7 línguas mortas. Segundo minha avó, o Sérgio e o Paulo só conversavam em latim.

A noite passava e os dois conversando, estudando, escrevendo, só iam dormir quando amanhecia o dia. Nessa hora minha mãe acordava e ia direto para a biblioteca arrumar os livros. O Paulo Leminski a ensinara arrumar todos por ordem alfabética. Todas as manhãs, minha mãe chegava e encontrava uns trocados, pagamento pelo serviço de arrumação dos livros.

Fico imaginando o quão fértil eram aquelas terras, pois nasceram poetas, pintores, fotógrafos, jornalistas, advogados, pessoas de bem e bom coração.

Após comentar a surpresa que tive ao ver a exposição sobre o Paulo Leminski no MON, vieram as histórias de família. Minha prima contou que no casamento de seus pais, meu tio Sérgio recebeu um presente do Paulo com um cartão, segundo ela, com uma frase maravilhosa, ainda não nos revelada. Ela também possui o livro Catatau de autoria do Paulo, assinada com seu polegar. Minha tia revelou que recebeu de presente, assinado e datado em 21/01/1960, uma poesia feita exclusivamente para ela. Com sua autorização, hoje, poderei publicá-la.

A poesia esta guardada até hoje em seu papel original, escrito em letra de forma, com formato infantil, com as seguintes palavras:

DIANA
Paulo Leminski
I
A tarde desmaia
Apolo vai cansado
Às aureas baias
Descanso dar ao iluminado
Carro brilhante do sol
II
A lua já nasce prateada
Banhando os bosques e as colinas
Onde o arroio sussurra escutadas
Palavras de amor das ninfas meninas
Aos faunos rupestres
III
Diana, Deusa caçadora
Já de ninfas cercadas
Afia as setas matadoras
E do arco de freixo armada
Aos campos sai silênciosa
IV
Qual javalí, qual veado
Dos golpes nāo se desconta
Se a Deusa no revaldo
As flechas lhe aponta
E as ninfas a observam
V
De carne providas
As ninfas regressam
E a Diana histórias vividas
De amores lhe contam
Que sorri compassiva
VI
A lua já está alta
E as ninfas a dormir estāo
Quando Diana se dirige
À gruta do gentil Endimiāo
Que repousa num leito de rosas.



Essas histórias vão muito além de serem contos familiares, são histórias e pessoas como essas que me fizeram crescer, aprender, e principalmente gostar de ler.

Viajar pelas páginas do conhecimento, viajar nas nuvens das lembranças, isso nos faz pessoas melhores, histórias e memórias de cada um, são os tijolinhos da construção de cada vida. Aí me pergunto, não está na hora de reunir a família e colocar as lembranças em dia? Quanto custa isso? Tempo? Quantas preciosidades estão "perdidas" em nossas casa, em nossa família com com nosso amigos e amores?

As lembranças e as histórias não podem ser esquecidas, nem devemos tentar apagá-las e sim, revivê-las, lembrá-las e perpetuá-las.

Hoje construímos nosso caminho e nossas lembranças futuras, mas quem irá contá-las aos nossos netos e bisnetos a saga que vivemos?

Reúna-se com a família e com os amigos, troquem lembranças, além de ser de graça, há possibilidade de boas risadas. Divirta-se: ontem, hoje e amanhã!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Beijos esterilizados - Poesia Grátis


Beijos esterilizados


Antes da cirurgia paciente faz recomendações:

- Por favor, venha com beijos esterilizados quando for tocar em meu coraçãozinho.
Equipe médica treinada e especializada em mexer em casca grossa, em peles mortas e veias entupidas de amores que encontrei em fast foods gordurentos. Minha preguiça sentimental, meu sedentarismo que fazia escolhas péssimas, acabei aqui pela quinta vez.

- Se possível, UTI com palhaços e assistente social, e lógico, um religioso caso venha partir.
Logicamente um plano pós-operatório, para que depois dessa cirurgia possa comigo dividir a cama, as dores, as lamúrias, falácias, possíveis dores imaginárias.
Talvez depois disso ganhe poderes além da vida.
Médium que psicografa mensagens de amor, de gente morta e mau amada, que não se resolveu em vida.
Tudo isso é tão lindo e pouco prático.
Tão bobo que pode passar despercebido.

-Por favor, quando for entrar no meu coraçãozinho limpe os pés. Aliás acabei de passar por cirurgia terrível...
- Fale baixinho ao "pé-do-ouvido", suas palavras farão cócegas em minha alma.
- Não me tragam flores, elas me lembram momentos fúnebres, pois em pouco tempo elas partirão. Deixe-as plantadas, isso trará vida após minha partida.
- Caso eu parta, não quero livro de presenças, meus amigos estavam ao meu lado enquanto ainda respirava.
- Façam festa, comemorem, voltarei em uma brisa leve para acariciar o rosto de quem amei. Nesse momento pense em mim que estarei em ti. Se eu souber que você é feliz, mesmo longe, depois de ter partido, terei sido feliz!

Ariadne Zippin
amostramostra.blogspot.com

Rafão Miranda
www.ligadosautoresfree.com/